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O varejo em debate no Fórum Rio Empreendedor

O comércio varejista e suas tendências foram tema do painel “Indústria do Varejo” do Fórum Rio Empreendedor, realizado pela Associação Comercial do Rio de Janeiro – ACRJ, na última sexta-feira (29/9), na sede da entidade.

Juedir Teixeira e Ricardo Guinâncio, presidente e vice-presidente do Conselho Empresarial de Varejo da ACRJ, foram os moderadores do painel que contou com a participação de Armando Ahmed (Drogarias Venâncio); Antoane Correa (Armazém do Grão); Leonardo Coelho (Lojas Americanas); Thiago Matos (Rede Supermarket); e Omar Resende Peres (Restaurante La Fiorentina).

Professor, consultor e também vice-presidente de Marketing do SindilojasRio, Juedir Teixeira abriu o painel afirmando que o Rio de Janeiro precisa voltar a ser um lugar atrativo para viver, trabalhar, investir e empreender, e que, para isso, é necessário melhorar o ambiente de negócios. “O consumo das famílias representa 63% do nosso PIB e o varejo está fundamentalmente ligado a este índice. É uma atividade essencial para o Rio, que carece de melhorias de gestão e mais conhecimento e inovação”, disse.

Segundo Juedir, a melhoria da gestão visa, basicamente, a aumentar vendas e reduzir despesas, o que exige aprimorar os processos das empresas para alcançar mais eficiência e números melhores. Para ele são quatro os pilares para ter negócios sustentáveis: clientes, colaboradores, sociedade e acionistas satisfeitos. “É preciso promover uma excelente experiência de compra em todos os contatos da marca com o cliente. Para isso, eu preciso ter os colaboradores satisfeitos para atenderem da melhor forma. Isto é fundamental. E, nos últimos anos, surgiu um ingrediente novo: precisamos ter também a sociedade satisfeita. As pessoas hoje compram pelo propósito oferecido pela marca. A nova geração compra influenciada por aquilo que a empresa faz. É preciso estar conectado com a sociedade onde a empresa atua. O quarto e último pilar é o lucro, que será alcançado, deixando os acionistas também satisfeitos, se todo este conjunto for bem realizado”, afirmou o professor de varejo.

Ricardo Guinâncio reforçou que três fatores estão sempre em foco na maior feira do varejo mundial, realizada anualmente em Nova York (EUA), a National Retail Federation (NRF): pessoas, experiência e gestão. “O consumidor hoje busca a melhor experiência possível, além de conveniência e valor.

Os demais participantes do painel comentaram o momento atual de suas empresas e destacaram os seus principais pontos de atuação. Armando Ahmed, das Drogarias Venâncio, afirmou que uma coisa não muda no varejo: o atendimento. “Nosso foco é o cliente. Sempre prezamos pelo respeito e pela atenção. É a parte mais importante do nosso trabalho”, ressaltou, acrescentando que investem no treinamento contínuo de seus colaboradores, tanto no ambiente físico como no digital. Ele destacou ainda que, hoje, o WhatsApp é o principal meio de comunicação e também de publicidade para os clientes conhecerem produtos e ofertas.

Antoane Correa, do Armazém do Grão, abordou os quatro pilares citados por Juedir Teixeira como necessários à criação de um ecossistema favorável, e acrescentou mais um: fornecedores satisfeitos, para garantir boas negociações, com boas margens de preço e, principalmente, a garantia dos produtos nas lojas. “Nós oferecemos mais que um emprego aos nossos colaboradores: temos plano de carreira e uma Universidade Corporativa. Isso é muito importante para o desenvolvimento das pessoas, para saberem que podem subir posições e se tornarem gerentes. Prezamos por lojas muito limpas, cheirosas, com músicas agradáveis e sempre estamos inovando, além, é claro, de procurar melhorar o relacionamento com os clientes. Dessa forma, criamos uma ótima atmosfera para o trabalho e sucesso”, explicou.

Já Thiago Matos, do grupo Supermarket, informou que a rede preza pela padronização das cerca de 120 lojas do Rio de Janeiro, com mais de dois mil metros quadrados cada, tendo cada região um mix diferente de produtos. “Antigamente era mais intuitivo. Hoje, a tecnologia ajuda a identificar bem o que o cliente de cada loja quer. Temos um forte CRM para gerenciar este processo”, afirmou. Além disso, ele destacou a agilidade nos caixas, a organização das gôndolas e funcionários satisfeitos como aspectos essenciais para garantir bom serviço, com preço justo e atendimento de qualidade.

O empresário Omar Peres criticou o Estado pela burocracia imposta a quem quer empreender no Rio de Janeiro e citou problemas abrangendo desde a alta carga tributária e a violência até as questões envolvendo a justiça trabalhista. “Os varejistas são verdadeiros heróis. É muita responsabilidade e coragem para empreender, diante desse cenário”, declarou. Apesar disso, ele, que já atuou em diversos ramos, contou que está abrindo filiais do seu restaurante La Fiorentina no Centro do Rio e também em Portugal.

Por fim, Leonardo Coelho, das Lojas Americanas, iniciou seu discurso pedindo igualdade de concorrência com o comércio exterior. “O governo federal isenta de impostos as compras de até 50 dólares em sites internacionais. Meu ticket médio é de R$47,00. Eu não sou contra a concorrência, mas quero ter os mesmos direitos. Senão, a competição fica desequilibrada”, reclamou. Lembrando que as Lojas Americanas nasceram no Rio de Janeiro, ele afirmou que parte do resgate da empresa deve passar pela cidade, que tem o componente emocional que outras não têm. Outros dois aspectos abordados por ele foram a governança e as pessoas. “Temos 35 mil colaboradores em 1.700 lojas. Meu papel é não deixar as investigações os atrapalharem. Remontamos o plano de cargos e salários e estamos agindo com muita transparência para cuidar bem das pessoas. Queremos oferecer tranquilidade para que nossos colaboradores estejam com o sorriso no rosto e atendam bem os nossos clientes, que é o mais importante. Eu não tenho dúvidas que as Americanas será referência em governança”, afirmou Coelho.