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Por dentro da Economia | Expectativas para o Segundo Semestre de 2025

Por Antonio Everton Jr.
Economista do CDLRio e do SindilojasRio

Em junho, a autoridade monetária passou a taxa básica de juros da economia brasileira para 15,00% ao ano. O aumento teve a ver com a necessidade de colocar a inflação no centro da meta (3,0%); ainda que num primeiro momento, até que isso venha acontecer, tenha que passar antes da casa dos 4,50%, que é o limite superior aceitável. Com a medida, o Banco Central foi explicito em seu esforço e compromisso em garantir o poder de compra da moeda nacional.

Como não poderia ser diferente, ao subir os juros, o Banco Central acendeu holofotes sobre a preocupação empresarial e da sociedade com o comportamento da inflação.

A percepção do banco é a de que a economia encontra-se em ritmo forte e o mercado de trabalho com certo dinamismo, maior do que poderia apresentar. Essa combinação causa pressões de demanda e são inflacionárias. Então, ainda que a Selic estivesse em 14,75% ao ano, mesmo assim a economia emitia sinais de aquecimento, com crescimento do mercado de trabalho. Em 15,00% ao ano, acredita-se, a economia deve mitigar seu compasso, provocando recuos ligeiros no comportamento de preços.

Em 2024, a economia brasileira cresceu 3,4% e o PIB total atingiu R$ 11,7 trilhões. O ritmo estava bem forte mesmo. Apenas o consumo das famílias subiu 4,8% no último trimestre. O que se verificou no comércio varejista foi o aumento do volume de vendas de 4,1% sobre 2023, tendo sido a maior taxa desde 2013 (4,3%).

Em um breve retrospecto, em 2023 as pressões sobre os preços foram menores do que nos últimos tempos, até porque o dólar comportou-se bem. Já ano passado, fatores políticos e incertezas externas e internas determinaram maior subida do câmbio, impactando com maior força os preços no atacado.

Logo, os preços foram menos forçados a subir em 2024. Por exemplo, a inflação no primeiro semestre ficou em 2,48% e, em doze meses terminados em junho do ano passado, bateu 4,23%. Agora em 2025, até junho, ficou em 2,99% e nos doze meses acumulados em 5,35%. Esse patamar elevado fez com que o Banco Central agisse com rigor e mais focado no comportamento dos preços do que nos efeitos da medida.

Enquanto a preocupação com o nível inflacionário relaciona-se com política pública, planejamento e medidas econômicas, a Selic em 15,00% é banho frio no otimismo do comércio para o final do ano, mitigando expectativas e influenciando nível de estoques, encomendas industriais e perspectivas do varejo. Portando, reduz o otimismo dos empresários do comércio.

A lógica é a de sempre e não há novidades. Ao se tentar derrubar a inflação, a intervenção acontece sobre a demanda. Ao resfriar a intensidade da procura, diminui-se o consumo e o ritmo das atividades da economia, tendo como efeitos diversos condições para a queda da produção, a redução do volume de negócios, do investimento, do dinamismo do mercado de trabalho, da geração de emprego e renda.

Nesse quadro, onde as imagens se embaçam e o ar fica mais pesado, o planejamento torna-se difícil e complicado, exigindo técnicas mais apuradas para estimar o volume esperado de final de ano. Consequentemente, tem-se maior apreensão com o desempenho da economia, do consumo e, por fim, do comércio.

O ponto de atenção é o maior custo do dinheiro, que deverá limitar a expansão do crédito, produzindo os efeitos anticíclicos para suavizar as consequências da alta da inflação.