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Saque extraordinário do FGTS deve injetar R$ 10 bi no comércio em 3 meses, diz CNC

Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens de Serviço, Comércio e Turismo (CNC) estima que nos próximos três meses, o setor do comércio deve receber um aporte de R$ 10 bilhões, vindos do saque extraordinário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Segundo a estimativa, isso representa 36% dos R$ 29 bilhões que serão liberados pelo governo federal.

De acordo com o economista Fabio Bentes, da CNC, além do comércio, os serviços, os pagamento de dívidas e o consumo futuro serão as outras três principais destinações do valor de até R$ 1.000 que serão resgatados por cerca de 42 milhões de trabalhadores.

“Por mais que seja um valor expressivo, isso representa apenas 1,5% das vendas do comércio nesse trimestre. Outro ponto é a alta inflação, que aperta o orçamento familiar e vai fazer com que o consumo se destine ao comércio de itens essenciais. Produtos como vestuário e eletrodomésticos, por exemplo, não devem ser impactados por essa injeção econômica.”, explica Bentes.

De acordo com a análise da CNC, o segundo setor que mais receberá compras por conta da medida será o de serviços, com uma fatia de 34%, ou seja cerca de R$ 9,8 bilhões. Em seguida, a quitação de dívidas deve consumir 24% do valor, e apenas 6% deve ser poupado para consumo futuro.

O professor Alberto Ajzental, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP/FGV), acredita que o valor extra do FGTS terá mais efeito no consumo básico e essencial. Para o especialista, as famílias vão cumprir com uma hierarquia natural de prioridades.

“Primeiro elas (famílias) vão resolver questões alimentares. Comer aquilo que gostam e não têm acesso há um tempo, exemplo, comprar uma carne bovina. A segunda prioridade é quitar dívidas básicas de luz, água e telefone. Em terceiro lugar, elas vão amortizar outras dívidas e evitar juros altos. Vencendo essas etapas, e sobrando algum dinheiro, as famílias podem priorizar a compra de roupas e calçados”, explica.

O economista lembra que a última liberação de valor extra do FGTS aconteceu entre 20/12/2019 e 31/03/2020. Neste período, segundo a CNC, o Brasil tinha 65,6% de famílias endividadas e, desse número, 24,5% estavam com contas em atraso.

Este ano, o FGTS será liberado entre 20/04 e 15/06. Os dados mais atualizados da confederação indicam que 77, 5% de famílias estão endividadas e deste número, 27, 8% estão com parcelas em atraso.

“É possível perceber que o momento atual é bem pior em termos de endividamento em relação ao momento da última liberação do FGTS”, concluiu o economista da FGV.
Fonte: CNN