Estudos do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) e Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio) indicam que o comércio varejista nacional deverá fechar o ano com variação positiva de 2%, nível inferior ao revelado ano passado quando cresceu 4,7%. Motivos para isso: juros elevados, custos altos, famílias endividadas e primeiro semestre complexo, quando o dólar ultrapassou R$ 6.
As expectativas de crescimento para o comércio do Rio de Janeiro não devem se equiparar às do restante do Brasil porque as dificuldades têm sido grandes. Pesam contra fatores como insegurança, aluguéis caros, concorrência do comércio informal, pirataria e desordem urbana, o que afugenta consumidores e investidores.
Aqui observa-se recuperação do comércio num ritmo inferior ao dos serviços. Se parte da renda se destina a gastos no comércio e nas atividades terciárias, os serviços locais destinados ao turismo, principalmente, vêm conquistando espaço nas decisões de escolha dos consumidores, ao que parece.
Mesmo assim, com todos os problemas que afetam a economia fluminense, as estimativas de vendas para a Black Friday e o Natal ficaram em 5% acima do ano passado, período de comparação com base elevada.
Enquanto a economia local vem ganhando musculatura com o ingresso de turistas visitantes, pressupõe-se, em certos momentos, que o comércio não se beneficia. Daí os grandes esforços despendidos pelos comerciantes a fim de que parcela da renda do 13º seja endereçada ao comércio.
No contexto de atrair cada vez mais clientes, o comércio vem tomando iniciativas para chegar mais próximo dos consumidores através de medidas como promoções, concessão de descontos, vitrines chamativas, melhorias no atendimento, uso da IA na gestão e uma equipe de vendedores capaz para atender o público e despertar interesses por produtos.
Com as perspectivas de manutenção da taxa de juros elevada, no curto prazo o cenário para 2026 pouco se altera. Isso significa que até meados do ano que vem a diminuição da Selic será gradual; da inflação, também; e no final o crescimento do PIB ficará abaixo deste ano. Além disso, o dólar não deverá causar surpresas, flutuando sem fortes oscilações; e o mercado de trabalho deverá crescer, porém num ritmo menor, gerando menos vagas.
Dívida interna e déficit seguirão com tendência crescente, apesar do empenho governamental em arrecadar impostos — o que freia o crescimento. Para complicar a situação, se o aumento das receitas pode equilibrar contas, ao mesmo tempo serve de combustível para novos gastos.
Por fim, 2026 se constituirá no período de transição, principalmente após outubro, até o próximo governo em 2027. Até lá, iremos acompanhar a autoridade monetária focada em fazer a inflação baixar para 3%, produzindo efeitos que desaceleram o crescimento e resfriam a vida do comerciante.
Aldo Gonçalves é presidente do CDLRio e do SindilojasRio.
Publicado no Jornal Monitor Mercantil em 18 de dezembro de 2025
